“Dela só nos lembramos uma vez por ano, quando nos reunimos, uns poucos, em torno da árvore para acender velinhas, distribuir presentinhos, bebericar champanha. E escutar ao rádio o sr. presidente da República discursar para pedir ao povo brasileiro que tenha paciência e esperança.
Deus nos acuda!”
Pois é, assim terminava a crônica “Árvore de Natal”, escrita pelo jornalista Vivaldo Coaracy, publicada na edição do dia 29 de dezembro de 1960, no extinto jornal carioca “Correio da Manhã”. Cinquenta e sete anos são passados e árvore de natal só a da Lagoa que, com a crise, nem foi montada. Presentinhos viraram listas intermináveis do trabalho, parentes, amigos, funcionários e assemelhados. Champanha hoje em dia se diz champanhe, mas seu lugar ao lado da árvore foi trocado pela cerveja ou o chope, bebidos em escala industrial. Finalmente, presidente que se preza não faz mais discurso no rádio e sim na televisão, em cadeia nacional, pedindo ao povo brasileiro que tenha paciência e esperança.
Isso aí, meus caros, não muda nunca…