Atravessou a rua, pulou a mureta e desceu o pequeno cais, a essa altura completamente lavado pela chuva e as ondas do mar agitado. Como já esperava, não encontrou ninguém. Decepcionado, consultou o relógio e pressentiu que, mais um vez, o encontro marcado não ia dar em nada.
A manhã estava bem fria e nuvens escuras, carregadas de chuva, se aproximavam. Sentou num dos degraus de pedra, acendeu um cigarro, deu uma longa tragada e ficou um bom tempo olhando os desenhos que a fumaça azulada fazia no ar. Uma marola mais encorpada bateu na escada de pedra, molhando sua roupa.
O jornaleiro chegou para abrir a banca e deu um oi. Respondeu e conferiu de novo as horas. A chuva molhava sem força e ele ali, aguardando alguma coisa que, tinha certeza, jamais aconteceria. Falou um palavrão em voz baixa, passou a mão na cabeça, ajeitou a roupa, deu uma última olhada para o mar, jurou que que essa tinha sido a última vez e começou a levantar para ir embora.
Um cardume de savelhas – ou algo parecido – passou à sua frente saltando de quando em quando para fora do mar. Imediata e cautelosamente um mergulhão voou ao seu redor e pousou no último degrau do cais. Estudou a situação e dali mesmo pulou nágua. Alguns aflitivos segundos depois, emergiu à frente dos peixes e com o bico longo pegou um que voltava de seu salto. Bateu as asas e foi almoçar nas pedras.
De boca aberta, espantado, reconsiderou sua decisão. Aquilo só podia ser um sinal. Amanhã, talvez, quem sabe, sem falta, teria o seu encontro no cais.
Belas imagens! Amanhã quero voltar e saber o resto!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Mas é claro que terá uma segunda parte. O problema é que não sei quando! rsrs Um abração, Roseli.
CurtirCurtido por 1 pessoa