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O Ministério da Saúde adverte: açúcar engorda!
Quando cheguei aqui no Rio, ainda rapazinho, fui trabalhar num botequim, lá no suburbio. Dava um duro danado, lavava banheiro, tirava o lixo, carregava bebidas, fazia entregas, o que viesse era comigo mesmo. O pessoal era legal, pagava mal toda vida, mas sempre em dia. Com eles aprendi que o freguês sempre tem razão, menos quando quer dar uma volta na gente. Aí não dá, né?
Eu tinha um sonho. Ralava a semana toda e quando estava de folga pegava o bonde e ia passear lá na zona sul. Às vezes estava tão duro que guardava as pratinhas no bolso e voltava prá casa a pé, andando bem devagar, vendo aquele mar enorme, as praias cheias de gente, os carros, as lojas e, principalmente, o pudim.
É pudim mesmo, o doce. Nunca tinha comido um, acredita? Um dia vi numa vitrine de um restaurante ali no Largo do Machado, não resisti, entrei e perguntei o que era aquilo. O pessoal achou até graça e fiquei tão envergonhado que piquei a mula, quer dizer, sai correndo. Mas o pudim ficou na cabeça, lindo, brilhante, um manjar, como o dono do botequim falou quando soube dessa história.
O tempo foi passando. Um dia contei os trocados e fiquei feliz, eu tinha dinheiro para comer o meu pudim. Na primeira folga vesti minha roupa de passeio, peguei o bonde para Laranjeiras, caminhei até o restaurante, entrei, sentei e um garçom veio, solícito. Pedi o pudim. Ele me olhou, foi lá na cozinha e voltou com uma colher, uma faca e um pratinho com um pedaço do doce.
Fiquei espantado, olhando ora para o pudim, ora para o rapaz. Ele notou minha aflição e perguntou se estava enganado. Olhei de novo para o pratinho e expliquei que eu não queria comer um pedaço mas sim o pudim inteiro, com calda e tudo, igualzinho ao que estava na vitrine. Aliás, podia pegar logo aquele mesmo!
E assim foi feito, para minha alegria. Enquanto todo mundo me olhava, eu comia aquela delícia bem devagar, como se pudesse fazer o tempo render. É, eu sei, comer um pudim inteiro é um exagero, mas quem disse que os sonhos tem algum sentido? Nunca mais tive outra oportunidade, é claro.
De qualquer maneira, hoje eu tenho meu bar e sempre que um cliente pede um pudim de sobremesa, não resisto e conto essa história. Talvez, no lá no fundo, eu tenho a esperança de que alguém devolva o pratinho e peça o pudim inteiro.
Quem sabe o senhor, meu freguês?
Que delícia de crônica amigo! Sua viagem na memória desse episódio e o pudim propriamente dito. Adoro pudim. Tempos atrás comia quase que todo dia após o almoço.Tenho um amigo que sempre diz que sou magra de ruindade pois como sem cerimônia e sem frescura, rsrs
Obrigada por dividir conosco essa sua história. Toda vez que fica de frente para um pudim vou me lembrar de você.
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Eu também como sem cerimônia e sem frescura. Mas engordo. Vai daí que só posso escrever sobre… pudim! 😉
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Adorei!!!!!!! Tb adoro pudim e se pudesse tb comeria um inteiro… alias tenho técnicas varias de comer,,,,raspando a base queimadinha primeiro, que ninguém ve, em principio….. adoro pudim de pao tb…..e a ersao hermana, o flan casero com crema!!!!!! de lamber os beicos…..
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Caramba, seu comentário deixou a maior vontade de comer um pudim. Inteiro ou não! 🙂
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